intia Valente, gerente de vendas, acreditava estar com
estresse devido às suas constantes crises de choro,
mudança de humor e aumento excessivo de peso, o que a levou a uma consulta médica que revelou que o vilão para a queda da sua produtividade no trabalho era, na realidade, o
hipotireoidismo.
Segundo Geraldo Medeiros Neto, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e presidente do Instituto da Tireóide, “a doença acomete cerca de
16,5% da população feminina acima de 40 anos em São Paulo, apesar de ser bem menos difundida no ambiente profissional do que o estresse”.
João Roberto Maciel, co-responsável pelo ambulatório da tireóide da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica o caso de Cintia Valente: “sua principal causa é a
tireoidite de Hashimoto, doença auto-imune, que atinge 15% da população, incluindo homens, e pode evoluir para a perda gradativa do funcionamento da glândula”.
“Há suspeita de que a ingestão excessiva de iodo no sal possa influenciar no desenvolvimento da doença. Fatores
genéticos também explicam o hipotireoidismo. Uma pessoa que tem
histórico familiar deve estar atenta", completa Maciel.
Os principais sintomas da doença são: aumento do peso, déficit de atenção, queda de cabelos, pele amarelada e seca, prisão de ventre, fadiga, alteração na libido, sensação permanente de frio e depressão.
Fernando Walder, professor de cirurgia de cabeça e pescoço da Unifesp, ressaltou: "Se a pessoa está muito chorosa, é comum achar que está
deprimida e buscar um terapeuta, mas ela não pode descartar a possibilidade de estar com um
problema na tireóide. Só no Brasil, mais de 15 milhões de pessoas tomam hormônio tireoidiano".
“Descobri que tinha a doença aos 38 anos, com um clínico geral. Eu sempre me descontrolava verbalmente no trabalho. Diziam-me para buscar uma terapia, sair de férias. Mas, depois que comecei a tomar remédio, melhorei", relata Estela Maris Beggnozzi, 54, autônoma.