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Saúde e Equilíbrio
Medicina Preventiva
Coluna 3
Drogas antipsicóticas usadas para tratar pacientes com Alzheimer podem dobrar a taxa de mortalidade de idosos
Estudo demonstra a necessidade de empregar tratamentos menos nocivos, como terapias psicológicas, para controlar os sintomas neuropsiquiátricos dos portadores da doença
m estudo publicado na revista médica "The Lancet Neurology" revela que
drogas antipsicóticas usadas para tratar distúrbios de comportamento de pacientes com
Alzheimer podem dobrar a taxa de mortalidade de idosos após dois ou três anos de tratamento.
Os antipsicóticos, também conhecidos como neurolépticos, são utilizados para tratar, principalmente, os sintomas de
agitação, irritabilidade, agressão e alucinação que podem acometer os portadores da doença de Alzheimer.
Estudos anteriores já demonstraram os benefícios no curto prazo (de 6 a 12 semanas) do tratamento antipsicótico para os sintomas neuropsiquiátricos do Alzheimer, mas também revelaram um
aumento dos efeitos adversos, como infecções pulmonares,
sonolência e hemiplegias (paralisias que impedem movimentos de um dos lados do corpo).
Para os médicos do King's College (Londres, Inglaterra), autores do estudo, os dados sobre a mortalidade reforçam a necessidade de empregar tratamentos menos nocivos, como
terapias psicológicas, para controlar os sintomas neuropsiquiátricos dos doentes de Alzheimer.
A estimativa é que 6% dos 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos sofram da doença no Brasil, e especialistas brasileiros avaliam que as drogas, quando bem empregadas, são benéficas aos pacientes.
Há uma grande discussão sobre os efeitos de "travação" que os neurolépticos podem causar aos idosos, principalmente os medicamentos mais antigos. “A gente sabe que eles causam efeitos adversos, especialmente pela falta de mobilidade do idoso. Mas a gente fica entre a cruz e a caldeirinha. Temos idosos muito agitados e drogas que cumprem a função de acalmá-los, mas aumentam os riscos de outras coisas", afirma o geriatra
Luiz Roberto Ramos, diretor do Centro de Estudos do Envelhecimento da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Já o neurologista Rubens Gagliardi, professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, explica: “O uso de antipsicóticos traz boa contribuição para os doentes de Alzheimer com distúrbios psíquicos. Essas drogas têm um bom índice de segurança, desde que empregadas com cuidado e muito bem selecionadas, objetivando o tipo de doente e seus sintomas".
Mas, segundo Clive Ballard, médico do Centro Wolfson para as Doenças Relacionadas com a Idade do King's College, que coordenou o estudo, embora as diretrizes de sociedades médicas internacionais recomendem que as drogas sejam ministradas de forma temporária,
60% dos pacientes com demência, internados em asilos dos EUA e do Reino Unido, recebem esses remédios por
períodos superiores a um ano. "A questão é: eu tomaria uma droga que reduzisse ligeiramente minha agressão, mas, em compensação, dobrasse meu risco de morte? Não estou certo de que aceitaria isso", questiona.
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